Sobre perder um bebê

Há quase 2 semanas eu ouvi falar no dia nacional para sensibilização da perda gestacional...

Vi vários posts no face em apoio à quem já sofreu uma perda. Todos legais, fico feliz com a sensibilização de pessoas que nem passaram por isso e tiram um tempo para se colocar no lugar do outro. Mas a verdade é que só quem já passou tem a real dimensão do que é acordar de um sonho e estar vivendo o pesadelo de ter que lidar com um aborto.

Então eu li uma mensagem de apoio muito bacana no blog do Vila Mamífera, e dentro dessa mensagem tinha uma carta, aparentemente de autora desconhecida ou não identificada. Achei tão boa que resolvi postar aqui parte dela (a carta está na íntegra no blog - link acima - que aliás é muito bom, recomendo). Espero que especialmente pessoas que não vivenciaram uma perda possam ler e entender um pouco...
Esta carta foi escrita por uma enfermeira americana que perdeu seu bebe e tem sido usada no mundo todo para ajudar as pessoas a compreenderem o sofrimento que enfrentam as mães que perdem seus filhos.
Espero que possa ajudar a todos os que lerem-na. 
Quando estiver tentando ajudar uma mulher que perdeu um bebê, não ofereça sua opinião pessoal sobre sua vida, suas escolhas, seus projetos para seus filhos. Nenhuma mulher nesta situação está procurado por opiniões (de leigos) sobre porque isto aconteceu ou como ela deveria se comportar.
(...) 
Apesar de saber que muitas coisas terríveis que acontecem são permitidos por Deus, isto não faz estes acontecimentos menos terríveis.
Não diga: Foi melhor assim havia alguma coisa errada com seu bebê. O fato de haver alguma coisa errada com o bebê é que me faz tão triste. Meu pobre bebê não teve chance. Por favor, não tente me confortar destacando isto. 
Não diga: Você pode ter outro. Este bebê nunca foi descartável. (...)
Uma mãe pode ter dez filhos, mas sempre sentirá falta daquele que se foi. 
Não diga: Agradeça a Deus pelo(s) filho(s) que você tem. Se a sua mãe morresse num terrível acidente e você estivesse triste, sua tristeza seria menor porque você tem seu pai?
Não diga: Agradeça a Deus porque você perdeu seu filho antes de amá-lo realmente. Eu amava meu filho ou minha filha. Ainda que eu tenha perdido meu bêbê tão cedo ou quando nasceu, eu o amava.
(...) 
Não diga: Eu entendo como você se sente. A menos que você tenha perdido um bebê, você realmente não sabe como eu me sinto. E mesmo que você tivesse perdido, cada um vivencia esta tristeza de modo diferente. 
Não me conte estórias terríveis sobre sua vizinha, prima ou mãe que teve um caso parecido ou pior. A última coisa que preciso ouvir agora é que isto pode acontecer seis vezes pior ou coisas assim. Estas estórias me assustam e geram noites de insônia assim também como tiram minhas esperanças. Mesmo as que tenham tido final feliz, não compartilhe comigo. 
Não finja que nada aconteceu e não mude de assunto quando eu falar sobre o ocorrido. Se eu disser antes do bebê morrer… Ou quando eu estava grávida…não se assuste. Se eu estiver falando sobre o assunto, isto significa que quero falar. Deixe-me falar. Fingir que nada aconteceu só vai me fazer sentir incrivelmente sozinha.(...)
Não me diga: Bem, você não estava tão certa se queria ter este bebê… Eu já me sinto muito culpada sobre ter reclamado sobre mal estar matinais ou que eu não me sentia preparada para esta gravidez ou coisas assim. Eu já temo que este bebê morreu porque eu não tomei as vitaminas, comi ou tomei algo que não devia nas primeiras semanas quando eu não sabia que estava grávida.
(...)
Diga: Eu sinto muito. É o suficiente. Você não precisa ser eloqüente.
Diga: Ofereço-lhe meu ombro e meus ouvidos.
Diga: Vocês vão ser pais maravilhosos um dia ou vocês são os pais mais maravilhosos e este bebê teve sorte em ter vocês. Nós dois precisamos disso.
Diga: Eu fiz uma oração por vocês. Mande flores ou uma pequena mensagem. Cada uma que recebi, me fez sentir que meu bebê era amado.(...)
Não espere tão cedo que eu apareça em festas infantis e ou chás para bebes ou vibre de alegria no dia das mães. Na hora certa estarei lá.
Se você é meu chefe ou companheiro de trabalho:
Reconheça que eu sofri uma morte em minha família não é simplesmente uma licença médica. Reconheça que além dos efeitos colaterais físicos, eu vou estar triste e angustiada por algum tempo. Por favor, me trate como você trataria uma pessoa que vivenciou a morte trágica de alguém que amava. Eu preciso de tempo e espaço. 
Por favor, não traga seu bebê ou filho pequeno para eu ver. Nem fotos. Se sua sobrinha está grávida, ou sua irmã teve um bebê há pouco, por favor, não divida comigo agora. Não é que eu não possa ficar feliz por ninguém mais, é só que cada vez que vejo um bebê sorrindo ou uma mãe envolta nesta felicidade, me traz tanta saudade ao coração que eu mal posso agüentar. Eu talvez diga olá, mas talvez eu não consiga reprimir as lágrimas. Talvez ainda se passarão semanas ou meses antes que eu fique pelo menos uma hora sem pensar nisso. Você saberá quando eu estiver pronta.Eu serei aquela que perguntará pelos bebes, ou como está aquele garotinho lindo? 
Acima de tudo, por favor, lembre-se que isto é a pior coisa que já me aconteceu.
A palavra morte é pequena e fácil de dizer. Mas a morte do meu bebê é única e terrível. Vai levar um bom tempo até que eu descubra como conviver com isto. 
Ajude-me.




4 comentários:

  1. Oi Dam!
    Linda a cartinha! Bom divulgar esse tipo de post porque ajuda as mulheres que tiveram perdas a lidar com isso. Observei que o post que escrevi nesse dia foi o mais visualizado no meu blog e também foi recordista de curtidas no facebook. Sinal de que muitas precisam ouvir palavras de conforto sobre essa grande perda, né?
    Bjos

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    1. Verdade!! Acho que é bom quando percebemos que tem pessoas que entendem o que passamos...
      Bjs

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  2. Olá Dam.... não tem como segurar as lágrimas... Essa mensagem coloca em palavras tudo o que sinto, tudo o que eu queria dizer....Realmente só quem perdeu que sabe como é...e cada um sente de um jeito diferente, mas como já mencionei num post do meu meu blog, a dor de uma mãe perder um filho é igual...
    Quem passou entende o que eu quero dizer. Eu jamais vou esquecer, de repente no dia em que eu tiver o(s) meu(s) bebê(s) eu não vá pensar tanto que nem agora, talvez vá doer menos, mas jamais vou esquecer dele, do meu primeiro bebezinho, do meu anjinho...
    Beijo!

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